Sou, abertamente, um fã de carteirinha da série Assassin’s Creed. E assim como todo fã, morro de medo de que a série que eu gosto acabe, ou pior: acabe mal. Eu não sou a favor dessa ideia de lançar jogo novo todo ano. E depois de me decepcionar com Assassin’s Creed III e ficar com medo de que uma série que eu tanto respeitei fosse para o saco, fui jogar o Assassin’s Creed IV: Black Flag com os dois pés atrás.

Confesso que ver que a Ubisoft conseguiu se recuperar e resgatar a essência da série e adicionar novas mecânicas me encheu de esperanças.  Assassinos, piratas, templários, conspirações políticas, Reis, paisagens paradisíacas, lutas sobre barcos e caças a tesouros. Tudo conspira para uma excelente aventura e uma riquíssima história. E nos é dado um personagem muito carismático, o pirata Edward Kenway.

assassins_creed_black_flag_character_edward_kenway-1920x1080

Focando no protagonista, o capitão Edward Kenway é um personagem completamente adorável. Muito mais próximo de Ezio Alditore do que foi Connor. Carismático e divertido, Kenway não se importa com a ordem dos assassinos, seu foco está em uma vida de saques e golpes pelos sete mares em busca de tesouros para poder levar uma vida de luxos com sua amada.

Edward acaba por matar um assassino e toma seu lugar para descobrir a origem de um artefato bem valioso que está sendo buscado pelos templários. O capitão não somente é divertido por conta de suas próprias qualidades, mas também devido aos seus companheiros e amigos. Ele nos apresenta ao temido Edward Thatch, conhecido como “Barba Negra”, além do enigmático James Kidd e o bravo Charles Vane, todos adicionam a aventura diversos trejeitos e missões muito boas.

AC4

Explorar os mares a bordo do Gralha, barco de nosso querido capitão, é uma aventura completamente viciante e cheia de possibilidades, tudo com direito a conflitos e interações muito divertidas. Existe uma quantidade enorme de ilhas e cavernas espalhadas pelos 7 mares esperando para serem exploradas. Algumas grandes, outras pequenas, algumas famosas e outras nem tanto. Algumas são habitadas por ingleses, outras por espanhóis, portugueses e até por indígenas. Com essa diversidade de ambientes, já é possível perceber a possibilidade de explorar um mundo tão vasto.

Melhorar o Gralha também torna as atividades paralelas muito mais divertidas, e conforme você saqueia outros barcos, ilhas, cidades e etc, você obtém recursos de diversas formas. Para obter os últimos upgrades do navio, por exemplo, é necessário um planejamento grande de recursos e dinheiro. Eles envolvem não apenas recursos saqueados (tecido, madeira e metal) e muito dinheiro, mas também plantas de melhorias, encontradas em tesouros enterrados ou naufragados.

É no mar que ficam as maiores novidades: dá para perder várias horas entre ataques e roubos de embarcações inimigas, dominações de fortes, mergulhos em meio a destroços de outras embarcações e caças de animais aquáticos. Acertar um arpão numa baleia jubarte (e todas as caçadas do jogo, na verdade) dá um tipo de satisfação que te faz ficar em crise consigo mesmo. 

Batalhas em alto mar estão entre umas das coisas mais empolgantes do jogo. Seja contra Fortes, onde o jogador deve encarar um forte de frente, escalá-lo e depois torná-lo aliado. Também acontece com as batalhas épicas, com ataques a enormes navios em meio a tempestades e a gritaria das tripulações. Dificilmente você não vibrará junto com sua tripulação, pois essa é uma das melhores ambientações que eu já vi.

AC4 -2

O mapa é o maior da franquia até agora e por isso a viagem rápida não é apenas bem vinda, como necessária. A maior parte do tempo, você encara as bruscas mudanças de clima em alto mar e as brigas com outros barcos e fortes numa boa, faz parte da diversão. Mas, depois de várias horas de jogo, você pode simplesmente querer chegar logo ao próximo ponto da missão principal e cruzar o mapa com a tripulação cantando, apesar de agradável, pode ser entediante.

Quanto a jogabilidade, outro grande destaque na franquia é a simplicidade com que você realiza todas as funções do jogo. Controlar as ações de Kenway em terra ou comandando um do Gralha parece ser complicadíssimo, mas é só jogar para perceber que tudo é muito mais simples do que parece. Com apenas algumas horas de jogo o jogador é capaz de se familiarizar aos comandos tranquilamente. Tudo muito intuitivo.

O áudio é tão impecável quanto nos jogos anteriores, ajudando a criar todo tipo de clima: tanto os momentos tranquilos na praia, com o barulho da água e dos pássaros, como as épicas fugas de Edward e uma tensão imobilizadora mesmo quando não há o que temer. Outro destaque fica por conta dos efeitos sonoros, já que os barulhos de perfurações, seja a lâmina oculta em soltados ou o arpão acertando um tubarão-martelo, são – não há outra palavra para dizer – suculentos. A dublagem original também é muito boa, com sotaques bem colocados e interpretações satisfatórias. Mas se você prefere o trabalho de dubladores para a nossa região, passe longe.

AC4 - 3

Os gráficos são um espetáculo a parte, eu diria que o Caribe nunca foi tão bem retratado. São lugares vivos, coloridos que proporcionam uma imersão enorme. Realmente, os gráficos te colocam no “mundinho” do jogo. Porém, enquanto os gráficos são estonteantes no cenário, nos personagens eles são “apenas” muito bonitos. Mas acredito que esse seja mais um detalhe cosmético que algo que realmente interfira na experiência.

O mundo de Black Flag vive independente do jogador. Coisas acontecem, barcos entram em guerra, animais correm e se alimentam, pessoas morrem e por ai vai. E o jogo também te proporciona explorações sob a água, e vá por mim amigo, mergulhe e vá em buscas desses tesouros. O mundo inexplorado submerso é magnifico.

AC4 - 4

O multiplayer de Assassin’s Creed IV: Black Flag faz o seu melhor para trazer os elementos de assassinato furtivo encontrado no modo campanha para o modo online.

Existem diversos modos, um deles e talvez o que as pessoas estejam mais jogando é o “Caçada“, onde dois times se enfrentam em turnos. O objetivo é se misturar com os NPCs do cenário e tentar se passar por um deles, tanto para matar seus alvos como para fugir de seus assassinos. Há ainda diversos outros modos como “Dominação”, “Alcateia”, “Mata-mata” e assim por diante. Alguns têm mais ação do que outros, mas todos são permeados pela temática da furtividade que garante muito mais pontos aos jogadores que sabem passar despercebidos. Para quem quer jogar com os amigos ou aumentar a “vida útil” do jogo, o modo ficou bem consolidado e é uma ótima opção.

Aproveite essa crítica, se empolgue e compre o jogo. Além de um excelente título para a série Assassin’s Creed, é um excelente jogo de piratas com um protagonista que, ao que esperávamos, não seria tão imponente quanto os anteriores – e esse foi o meu engano. Excelentes paisagens, grandes personagens secundários, uma história espetacular e um mundo imenso para ser explorado. AHOY!